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Qual o melhor parto, cesárea ou normal?

Atualizado: 23 de mar. de 2020



Pelo quarto ano, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e os parceiros do projeto programa Parto Adequado promovem uma campanha de mobilização para sensibilizar o setor de planos de saúde e a sociedade – especialmente gestantes e profissionais de saúde - sobre os riscos da realização de cesáreas desnecessárias. A iniciativa foca na disseminação de informações sobre a importância do parto normal e do respeito às fases da gestação, dando seguimento às ações iniciadas em 2015 para reduzir as alarmantes taxas de cesarianas no país e melhorar a experiência da maternidade para mães e bebês.


O Brasil é o segundo país do mundo com maior proporção de partos cesáreos (55,6% em 2016), ficando atrás apenas da República Dominicana*. Considerando apenas o setor suplementar de saúde brasileiro, verifica-se que esses índices não encontram paralelo em lugar nenhum do mundo. Em 2014, a proporção de cesarianas na saúde suplementar no Brasil chegou ao seu maior patamar: 85,6% dos partos. Em 2018, esta proporção reduziu um pouco, com as cesáreas representando ainda 83% do total de partos.


Dados da ANS mostram que a quantidade de cesarianas diminui no período entre Natal e Ano Novo, evidenciando a opção pelo agendamento do parto como forma de evitar o nascimento durante o período festivo. Segundo os números da ANS, na semana de 24 a 31 de dezembro de 2018, foram registradas, em média, 1,5 mil cesáreas a menos do que a média semanal do ano. Em 2017, foram cerca de 680 procedimentos desse tipo a menos que a média do ano. E, em 2016, o setor de planos de saúde registrou naquela semana, em média, 2,8 mil cesarianas a menos que a média semanal do ano.


Mobilização


Através de seus canais de comunicação (site e redes sociais), a Agência irá reforçar a disseminação de informações sobre a importância do nascimento no tempo certo. As mensagens vão evidenciar os benefícios do parto normal e os riscos da cesárea, procurando incentivar que a tomada de decisão sobre esse momento tão especial seja feita em função da saúde da mãe e do bebê, e não por conveniência.

“A proposta da campanha é sensibilizar mães e profissionais de saúde que o bebê tem seu tempo e que as fases da gestação devem ser respeitadas. A escolha pelo tipo de parto deve sempre levar em consideração a saúde, já que os riscos associados à cesariana existem e podem resultar em problemas graves para mães e bebês, como complicações respiratórias, dificuldades para amamentar e infecções puerperais”, explica o diretor de Desenvolvimento Setorial da ANS, Rodrigo Aguiar. “É importante que a gestante se informe, busque apoio de especialistas para entender as opções e faça sua escolha de forma consciente. Cesáreas são importantes, mas quando há indicações clínicas”, completa o diretor.

Confira abaixo os principais benefícios do parto normal e os riscos das cesáreas para mães e bebês.



Benefícios do parto normal


Para os bebês

  • Fortalece o sistema imunológico e previne o desenvolvimento de alergias e outros problemas de saúde no futuro;

  • Melhora o ritmo cardíaco, o fluxo sanguíneo e a maturação dos pulmões;

  • Favorece o vínculo com a mãe.


Para as mamães

  • Favorece o aleitamento;

  • Promove uma recuperação pós-parto mais rápida e menos dolorosa;

  • Favorece o vínculo com o bebê, reduzindo as chances de baby-blues, tristeza materna e depressão pós-parto.



Riscos e complicações associadas às cesarianas


Para os bebês

  • Prematuridade,

  • Embolia pulmonar,

  • Trombose,

  • Hemorragia,

  • Infecção e problemas respiratórios,

  • Dificuldade para mamar.


Para as mamães

  • Perda maior de volume de sangue,

  • Lacerações acidentais de vísceras,

  • Infecções puerperais,

  • Má cicatrização, principalmente em mulheres com excesso de peso,

  • Placenta acreta (quando a placenta fica presa ao útero após o parto),

  • Endometriose,

  • Dificuldade para amamentar.



Programa Parto Adequado


O Projeto Parto Adequado é uma parceria da ANS com a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement (IHI) e visa identificar modelos inovadores e viáveis de atenção ao parto e nascimento, que valorizem o parto normal e reduzam o percentual de cesarianas sem indicação clínica na saúde suplementar. Objetiva, ainda, oferecer às mulheres e aos bebês o cuidado certo, na hora certa, ao longo da gestação, durante todo o trabalho de parto e pós-parto, considerando a estrutura e o preparo da equipe multiprofissional, a medicina baseada em evidência e as condições socioculturais e afetivas da gestante e da família. Atualmente, o projeto conta com a participação de 113 hospitais e 62 operadoras de planos de saúde que atuam como apoiadores.


A iniciativa está em sua terceira fase, etapa que contempla medidas para promover a disseminação das estratégias de melhoria da qualidade da atenção do parto e nascimento em grande escala, envolvendo todas as maternidades do Brasil.


Com o lema “Construindo um Movimento para a Saúde, Segurança e Equidade na Gestação e no Parto”, essa nova etapa busca fazer uma coalisão entre os principais atores do setor e busca por adesão de mais participantes (órgão governamentais, Ministério Público, operadoras, maternidades, grupos organizados de mulheres e sociedade); chamamento público para a participação das mulheres na construção conjunta das mudanças; realização de Audiências Públicas para dar voz aos interessados e promover a discussão sobre qualidade e segurança na atenção obstétrica nos planos de saúde; a disseminação de informações relevantes sobre a atenção à gestação, parto e nascimento; e a construção do Selo de Qualidade e Segurança Parto Adequado para hospitais e operadoras com o reconhecimento de entidades acreditadoras independentes.


Resultados


As ações implementadas nos hospitais que integram o projeto evitaram a realização de cesáreas desnecessárias e promoveram a melhoria em indicadores de saúde de gestantes e recém-nascidos. Segundo dados preliminares da Fase 2, compilados entre 2017 e 2019 (até maio), o percentual de partos normais nos hospitais participantes passou de 32,68% para 36,70% no período. Houve uma redução de 17,29% nas internações em UTI neonatal entre 2017 e 2019: o número caiu de 39,74 por 1000 nascidos vivos em 2017 para 32,87 por 1000 nascidos vivos em 2019. A estimativa é que o Projeto Parto Adequado tenha contribuído até o momento para evitar mais de 20 mil cesarianas desnecessárias.

* Segundo[1] Estimativa 2014 (Betrán et al., 2016) The Increasing Trend in Caesarean Section Rates: Global, Regional and National Estimates: 1990-2014 https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0148343

** [1] Brasil setor Suplementar 2014 (ANS, 2015). Taxas de partos cesáreos por operadora de plano de saúde. http://www.ans.gov.br/planos-de-saude-e-operadoras/informacoes-e-avaliacoes-de-operadoras/taxas-de-partos-cesareos-por-operadora-de-plano-de-saude

[1] Brasil setor Suplementar 2018 (ANS, 2019). Taxas de partos cesáreos por operadora de plano de saúde. http://www.ans.gov.br/planos-de-saude-e-operadoras/informacoes-e-avaliacoes-de-operadoras/taxas-de-partos-cesareos-por-operadora-de-plano-de-saude


Fonte:

Dados do TISS/ANS

www.ans.com.br

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